quarta-feira, 20 de julho de 2011

AMIGOS

Post a pedido de uma amiga muito querida e especial.


“Meus bons amigos /Onde estão?
Notícias de todos / Quero saber
Cada um fez sua vida/ De forma diferente
Ás vezes me pergunto:/ malditos ou inocentes?”
(Barão Vermelho)

Tenho centenas de fotos guardadas em casa. Fotos antigas, de um tempo em que não haviam máquinas digitais, que tínhamos que comprar filmes e depois revelar. Tempo em que todos paravam para fazer pose, pois uma foto era uma coisa fora do comum, registrar aquele momento era algo mágico, e depois a expectativa de vê-las reveladas, a alegria de recordar aqueles momentos ou a decepção de ver que elas não ficaram boas. Gastei uma boa grana em revelações fotográficas, mas não me arrependo, foram de um tempo em que eu era feliz, e sabia.

E vez em quando bate uma nostalgia e revisito as fotos. Guardam momentos marcantes, engraçados, passeios, lugares, flagras ... mas o mais importante é que elas guardam a recordação de pessoas que marcaram muito minha vida, que tenho enorme prazer de um dia ter a oportunidade de chama-los de AMIGOS. Tenho orgulho de ter compartilhado com eles momentos de suas vidas, frustrações e alegrias, sonhos e confidências.

Novos amigos sempre são importantes e bem vindos, mas aqueles que conhecemos na nossa infância ou adolescência são especiais. Temos uma história compartilhada, conhecemos como se formou sua essência, seu caráter. Sabemos o que eles acreditaram um dia, o que sonharam, e com isso podemos ver o que conquistaram, onde chegaram e assim ter noção da importância de suas conquistas ou o tamanho de suas frustrações.

“Cada um fez sua vida/ de forma diferente” não poderia ser de outra maneira, cada um seguiu seu rumo, seu destino, seguiu suas verdades. A vida é assim, e tem de ser. Mas quando me pergunto se são “malditos ou inocentes” é porque, apesar da distância que separam alguns, muitos não quiseram mais manter contato, preferiram apagar páginas e personagens de suas vidas. Fizeram sua escolha, e esperam que estejam feliz com ela.

Cada pessoa tem os seus valores. Uns valorizam a profissão, se qualificam, estudam, se dedicam ao trabalho. Outros valorizam a o ambiente familiar, constituem família, criam seus filhos. Alguns valorizam o dinheiro, outros o prazer, o sexo. E nisso todos são, de certa forma, inocentes, pois buscaram o que é verdadeiro para si mesmo.

Não os culpo. Pra ser sincero, só às vezes. Sei que cada um tem uma realidade diferente e um cotidiano corrido, como são com todas as pessoas. Mas por mais que me digam o contrário, acredito que sempre poderíamos reservar um momento para as pessoas que marcaram nossas vidas, para aqueles que nos fazem bem. Mas infelizmente nem todos pensam assim. A vida os transformou.

Viver é conquistar, ter experiências, cultura, amigos, um grande amor; viver também é perder, diminuir a destreza muscular, o reconhecimento social, a vitalidade social. Viver é encantar com os outros e ter expectativas correspondidas; viver também é desencantar e ter expectativas esfaceladas. O drama e o lírico sempre nos acompanham. (Cury 2008). Mas quando dividimos essas experiências com aqueles que nos conhecem profundamente, conhecem nossa essência, conhecem nossa história de vida, é muito melhor.

Amigo de verdade é aquele cara que você reencontra, depois de cinco ou dez anos, e percebe nele aquele brilho no olhar, aquela admiração mútua, aquele abraço apertado e caloroso. É aquele sujeito que, mesmo há tanto tempo separado, sabe muito sobre você, está ansioso para compartilhar suas experiências e que, acima de tudo, sempre soube que mesmo distante estava torcendo por você e que só quer o seu bem.

Quando olho aquelas fotos me pergunto onde estão aquelas pessoas que eram parte de mim? Aqueles sujeitos que viravam noites, muitas vezes regadas a vinho, filosofando sobre suas verdades adolescentes e sonhando com um futuro perfeito? Aqueles sujeitos eram uma grande família, que sabiam que apesar de qualquer dificuldade poderiam sempre contar uns com os outros.

Será que mudamos tanto assim em dez ou quinze anos? Será que a personalidade, o caráter de cada um se transformou tanto? Não acredito. Mas seguimos nosso caminho, continuamos a falar e escrever com aqueles que valorizaram uma amizade e mesmo distante, nunca perderam o contato. E quando reencontramos aqueles que preferem continuar só ao lado dos novos amigos, vamos nos cumprimentar, perguntar superficialmente como estão e marcar um compromisso que nunca sairá do papel.

6 comentários:

Rosangela Viegas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cris disse...

Amigo querido, antes mesmo de solicitar este post para vc, eu já estava mesmo pesnsando a respeito desse distanciamento, e por isso tenho mudado minhas atitudes e buscando valorizar as pessoas que são especais para mim, assim como vc!! Foi um tempo lindo e feliz!! Sinto saudades dos amigos que nos acompanhavam naquelas noitadas, felizes, melancólicas e regadas a um bom vinho "emprestadop" da igreja. Rsrsrs. Te adoro muito e o que depender de mim, nossos laços não serão mais desatados.

Guiga disse...

Tava com saudades de vir aqui..enfim voltei!

Beijos!
Gui

(ex duas doses de desdém) ;)

Ju disse...

Nossa, lindo texto !!

beijos

pri berta disse...

...Não me surpreendo com seus textos, um supera o outro e é isso que sempre espero e desejo.
Vida corrida e cheia de "preguiças"..concordo não devemos procrastinar as coisas, principalmente os amigos... preciso de vc, como nos tempos que na minha cabeça nunca sumiram...

André Da Silva Aguiar disse...

Bem legal teus textos e reflexões, um abraço!