Muito prazer, meu nome é otário
Vindo de outros tempos mas sempre no horário
peixe fora d'água, borboletas no aquário
Muito prazer, meu nome é otário
na ponta dos cascos e fora do páreo
puro sangue, puxando carroça.
(...) vaidades que a terra um dia há de comer.
Ás de espadas fora do baralho (...)
Por amor às causas perdidas...
Tudo bem...até pode ser
que os dragões sejam moinhos de vento (...)
Ao analisar a vida e o cotidiano, muitas vezes me identifico com frases dessa música, linda aliás. Quando lemos os noticiários políticos, por exemplo, onde se veem deputados, senadores, governadores roubando aos montes, e não acontecendo nada com eles, ou pior, sendo reeleitos novamente e repetindo aquele velho discurso: “O povo fez a justiça, o povo sabia da minha inocência e demonstrou isso nessa eleição” ou discursos parecidos. Se um dia cruzar na rua com esses políticos, ou algum deles vir apertar minha mão, serei educado: “Muito prazer, meu nome é Otário!”.
Outra situação que identifico nessa música é na estrofe que diz: “Na ponta dos cascos e fora do páreo / puro sangue, puxando carroça”. Encontramos centenas de pessoas geniais, fantásticas, inteligentíssimas, desperdiçando seu intelecto em atividades banais. Verdadeiros puro sangues puxando carroças. Se vê muito disso em fábrica, onde a inteligência da pessoa nem sempre é aproveitada, onde apenas se faz um trabalho repetitivo, o dia todo, tornando-se um processo automático, deixando a sua inteligência em segundo plano. Aliás, para eles isso é até bem vindo, posto que raciocinando, o operário logo verá que ganha um salário miserável enquanto o patrão enriquece cada vez mais as suas custas. Então exige-se uma produção absurda, deixando o trabalhador exausto e sem forças para questionar sua situação. Quando encontrar meu patrão pela fábrica, vou cumprimentá-lo: “Muito prazer, meu nome é Otário!”
“Vaidades que a Terra um dia há de comer”. De que adianta ser tão vaidoso, privilegiar o ter ao invés do ser, exibir suas riquezas, suas posses, suas falsas amizades, suas roupinhas de luxo ou o último celular da moda, se o mais importante, que é o caráter, o respeito, a dignidade, a pessoa não tem? Ao encontrar com essa pessoa, serei educado: “Muito prazer, meu nome é Otário!”
“Tudo bem, até pode ser / que os dragões sejam Moinhos de Vento”. Tudo bem, até pode ser que isso não seja uma situação tão importante, que sempre aumentamos nossos problemas, que talvez nossas dificuldades não sejam tão grandes quanto acreditamos. Se você acredita no que escrevi, se dá mais valor a vida do que aos bens, parabéns, talvez sejamos “peixes fora d’água, borboletas no aquário”, e talvez até não seja tão ruim ser um “otário” na visão das pessoas alienadas. Então, quando você me encontrar, me cumprimente e seja educado: “Muito prazer, meu nome é Otário”!
Agora curta a música na íntegra e delicie-se!