terça-feira, 11 de dezembro de 2007

PRECONCEITO LINGÜISTICO

Uma amiga me indicou ler o livro “Preconceito Lingüístico” (Marcos Bagno). Diz ela ser um livro muito bom, e que me fará ver as coisas de uma maneira diferente. Ainda não tive a oportunidade de ler tal livro, mas o farei assim que possível. Mas lendo esse nome, tive a oportunidade de assistir a uma cena em que esse título se encaixaria perfeitamente.

Assistindo ao programa do Jô Soares, tempos atrás, ele chama para a entrevista um senhor, ao qual não lembro o nome ( Grave pecado da minha parte! ). Esse senhor, aposentado, é grande freqüentador da Biblioteca Nacional e da Academia de Letras. Ele vai até a Biblioteca diariamente e fica horas e horas lendo, sobre todos os assuntos, todos os temas. Mas o fato que me chamou a atenção, é que esse senhor tem dificuldade na fala, por vezes é difícil de compreendê-lo, além de ele ser um pouco gago também. Mas a “qualificada” platéia do Jô vendo as dificuldades de falar desse senhor, começou a tirar sarro, rir dele. O próprio apresentador inicialmente começou a brincar com a dificuldade de entender o que o entrevistado queria dizer. Mas prestando atenção a suas palavras, percebia-se que o senhor era extremamente bem informado e inteligente, fato que Jô Soares percebeu no desenrolar da entrevista, mas seu público não. Aquele homem falou com muita segurança sobre diversos assuntos, desde futebol, fórmula 1, política, história, literatura, economia, e apresentando uma memória formidável, lembrando com clareza datas, frases, além dos próprios fatos.

E o tal senhor, mesmo ironizado e interrompido por várias vezes devido as estúpidas gargalhadas da platéia, conseguiu expressar o que queria dizer, e deu uma aula a todos que prestaram atenção ao que ele dizia, e não a como ele dizia. E em certo momento o entrevistado humilhou o público, mesmo que sem a intenção. Ele estava falando de quando Einstein se mudou para os Eua, teve um convite para vir dar aula no Brasil, e todos os universitários da platéia caíram em risos, como se aquilo fosse a maior das asneiras. Só pararam os risos e acreditaram no que havia sido dito quando o Jô confirmou as palavras do homem.

Essa cena representa a maioria dos jovens de classe média-alta do Brasil. Desinformados, alienados, mal-educados e extremamente preconceituosos. Logo nas primeiras palavras do homem, quando viram das suas dificuldades, já o julgaram estúpido e ignorante. Só por causa das suas dificuldades, do seu jeito de falar uma pessoa é menos inteligente ou menos capaz que as outras? E nós, também não julgamos as pessoas antecipadamente só pelo seu jeito, sua fala, suas roupas?

Esse senhor é um exemplo de humildade, e de como aqueles jovens presentes na platéia (e nós mesmos, por que não?) não deveríamos julgar as pessoas. Serve de lição a todos nós.

conto 1

O KARA, de pensamento abstrato, conversa com A GAROTA, de pensamento lógico:
- Estou lendo Jack Keroauc. – Diz ele
- Estás gostando ?
- Muito! Estou nos primeiros capítulos mas já estou pensando em fazer o que o Bob Dylan disse que fez ao ler esse livro!
- O que ele disse que fez?
- Leu o livro e fugiu de casa!
- ( Risos ) Idiota ! Tu moras sozinho !
- GAROTA – diz o KARA – O problema de quem estuda exatas é esse, tem o pensamento exato. Quando digo que quero fugir de casa, na verdade estou dizendo que quero fugir da vida que levo, da minha rotina. Quero fugir da mediocridade em que vivo, do meu trabalho, onde sou subordinado a um tolo idiota e imbecil que pensa que o mundo gira em torno dele e de seus funcionários que fazem tudo o que ele ordena de cabeça baixa e sem questionamentos, e ainda agradecem pelo salário miserável que recebem achando que isso é um favor que recebem! Quero fugir desse mundinho de aparências de uma sociedade hipócrita que dita o que é certo e errado, mas que na verdade tem medo de tentar ser feliz e medo de quem a desafia. Essa sociedade tem medo de quem tenta ser feliz do seu jeito, e por isso a recrimina, e a isola. Nos querem todos iguais, todos fantoches calados que fingem ser felizes. E que a felicidade está em produtos X, Y ou Z, e se você não os comprarem nunca atingirá a felicidade. Quero fugir de mim mesmo, do meu comodismo, dos meus preconceitos, dos meus medos, das minhas limitações que eu mesmo me imponho.
A GAROTA pensa um pouco e, sem entender nada, diz:
- Bah, é bom mesmo esse livro, né?

MICRO CONTOS

Lendo um blog dias desses, encontrei micro contos inseridos no texto. Gostei muito da idéia, e vou utilizá-la também. “A cópia é a mais sincera forma de elogio”. Não vou copiar os contos, mas a idéia de tê-los inserido dentre os textos. Esses contos serão baseados principalmente em dois personagens:

O KARA - Estudante de humanas, de pensamento abstrato, utópico. Sonhador inveterado, romântico por natureza. Desleixado com sua aparência e suas atitudes.

A GAROTA – Estudante de exatas, por isso desenvolveu um raciocínio lógico. Inteligentíssima, mas incapaz de ler entre as entrelinhas e de decifrar ironias. Absolutamente linda.
Ambos podem ser namorados, amigos, amantes. Aqui nada é determinado, nenhum compromisso é obrigatório.

Também poderão acrescentar-se novos personagens, fixos ou não.

Os micro contos, geralmente pequenos diálogos, podem ser baseados em vivências pessoais, de amigos, ou quem sabe até ficcional. Porque não exercitar e dar asas a imaginação?

DO MOTIVO DE ESCREVER

Quando contei aos meus amigos que estava pensando em escrever um blog, mas como uma crônica, falando sobre diversos assuntos, muitos me perguntaram: “Mas pra que?” Ora, é simples: Sou viciado em escrever! Escrevo menos do que gostaria, e sempre tenho a impressão de que poderia ter expressado melhor o que queria dizer, mas acredito que com a prática posso melhorar.

Mas o fato é que não é que eu goste de escrever, eu preciso escrever! Um papel e uma caneta operam milagres, curam dores, consolidam sonhos, levam e trazem a esperança perdida. Escrever é expressar-se, assim como dançar, pintar ou conversar. Espelha uma necessidade de contar o que sabe-se, o que sente-se, e, por isso, é também um exercício de auto-conhecimento, uma visita à sensibilidade.

Vício é uma palavra feia. Vou trocá-la por necessidade, soa melhor. Escrever é uma necessidade, uma maneira de compartilhar minha visão do mundo. Mesmo que às vezes limitada e inocente.
Escrevendo me reencontro e me reinvento.

DO NOME


Sempre me preocupei muito com o nome, até demasiadamente. Grande bobagem, pois como diria Pessoa “Por acaso uma rosa / Seria menos cheirosa / se outro nome tivesse?” Pois quando resolvi escrever este blog surgiu a dúvida que me atormenta: Qual nome usar? Gosto de nomes compostos, o que se torna uma dificuldade a mais, pois se apenas um nome já é difícil, que dirá dois!

Bom, queria um nome que dissesse alguma coisa sobre mim e sobre o blog, o que queria expressar com ele. Um nome que a pessoa só ao ver, já tivesse uma idéia do que trataria tais escritos, pois pretendo escrever não apenas sobre meu umbigo, mas falar sobre minha opinião a cerca dos assuntos que acontecem na atualidade, como um pouco da minha filosofia de vida e críticas a livros, filmes, além de frases que considero interessantes, ou frases estúpidas (caberá a você decidir a inteligência, ou não, da frase) etc.
Após pensar muito, criar várias hipóteses, resolvi adotar esse que vocês vêem agora. Mas como cheguei a ele? Bem, vou escrevê-lo apenas nos meus momentos de descanso, de lazer. Então resolvi adotar a idéia do “Ócio Criativo”. Ressaltando que “ócio” não significa preguiça, sedentarismo ou alienação. Talvez a melhor analogia que possa ser dada para exemplificar, seja a do poeta deitado na rede, compondo mentalmente seus versos. O ócio criativo significa, então, um exercício do sincretismo entre atividade, lazer e estudo, propondo ao homem que ele se desenvolva em todas as suas dimensões. Mas esse nome é um tanto batido, bem conhecido, usado por Domenico de Masi em seu livro e logo pensei que talvez já fosse utilizado por algum outro blogueiro, e além do mais eu queria alguma coisa mais original. Então, certo dia, lendo o livro do Jack Kerouac “Vagabundos Iluminados” me veio a idéia do segundo nome. No livro, os personagens principais são neo-budistas, que andam pelos Estados Unidos buscando o auto-conhecimento. Pois bem, aí estava o meu segundo nome, que já é uma homenagem ao livro, e ao movimento do Iluminismo. E também, por que não, uma alusão ao meu sobrenome. Como diz um professor, ao ler meu nome na chamada de aula “Um sujeito iluminado!”.
Não sei se para estréia esse é um bom assunto, mas como todos me perguntam o porquê do nome sempre que conto, achei um bom assunto explicá-lo a todos. Espero que gostem dos meus textos, pretendo atualizar esse blog todo sábado, e sempre trazer aos amigos um entretenimento agradável e que ajude há debater um pouco sobre os assuntos do dia-dia. Abraço a todos.
PS: Desculpem-me pelos erros, alguns são de propósito, outros não.