No Brasil acredita-se que todo mundo entende de futebol. Mas, na realidade, o que é entender de futebol? Para a grande maioria das pessoas compreender as regras e identificar se time A ou B jogou bem ou não determinada partida já se trata de entender o futebol e, de certa forma, não deixa de estar certo. Mas quando se trata de imprensa especializada, o “entender” não deveria ser tão simplificado assim.
É muito fácil ser comentarista de futebol no Brasil, basta falar o óbvio, fazer algumas previsões sem nenhuma base concreta e comentar os resultados das partidas. E com essa proliferação de debates esportivos aos domingos, aumentou muito o número de comentaristas de futebol, pena que a qualidade é cada vez menor.
Para a grande mídia, qualquer pessoa que fale um pouco mais articulado pode ser comentarista, mesmo que saiba muito pouco ou quase nada sobre futebol. Ou então, o que mais se vê, qualquer ex jogador. Mas aí esse cara é o dono da razão e, por já ter entrado em campo tempos atrás, mesmo que não jogasse grande coisa, acredita que sabe tudo sobre os bastidores do futebol e quem é, ou não, um bom jogador. Considera-se o dono da verdade. E isso sem falar de comentaristas que vendem críticas positivas ou negativas.
Eles difundem e defendem “Teorias do achismo”. “Acho que tal treinador vai jogar com tal esquema, vai entrar com tal jogador...”, mas com nenhuma análise ou argumento concreto para sua teoria. Um esquema é bom enquanto está ganhando, depois de duas ou três derrotas o esquema já está obsoleto e não presta mais.
Se perde um jogo, o time não presta, não vale nada. Na outra partida, vencendo, é o melhor do mundo. Após uma derrota, não tem time, nem elenco, o esquema é ruim e o treinador já está desgastado. Mas se na semana seguinte seu time vencer bem, tudo muda. Da água para o vinho em 90 minutos.
Mas poucos se atrevem a falar de esquemas táticos, suas complexidades ou estratégias. O máximo que se aventuram é arriscar os esquemas propostos pelas escalações, mas não comentam, ou não identificam, suas complexidades e variações dentro de campo, provando suas pobres e limitadas visões sobre o futebol.
E isso falando no futebol brasileiro, que é acompanhado mais de perto e com mais intensidade. Quando se fala em futebol internacional, as bobagens são ainda maiores. A situação mais melancólica que assisti foi essa http://ocioiluminado.blogspot.com/2008/05/futebol-e-comentaristas-de-internet.html.
Eles vivem exaltando novas revelações no futebol. A falta de ídolos, de craques dentro do futebol brasileiro, devido a grande debandada de atletas para o exterior, faz com que qualquer jovem promessa ou atletas apenas médios com algum destaque, torne-se futuro craque. Um ídolo forçado e momentâneo, quem com o passar do tempo cairá de produção e logo se irá perceber que tudo o que se acreditava sobre ele, foi apenas exagero . Mas aí surgirão outros ídolos momentâneos...
Porém, eles tem o privilégio e a sorte de estarem na mídia. Pena que não aproveitam bem os espaços que ocupam.