domingo, 28 de fevereiro de 2010

DEPRESSÃO PÓS ANIVERSÁRIO


Imagem: O Grito ( Edvard Munch-1893)
Essa semana fiz aniversário. Vinte e (nem tão) poucos anos. Mas ao contrário da maioria dos aniversários das pessoas, não teve festa, nem bolo, nem salgados, nem comemoração nem nada. Na verdade, todos os anos no meu aniversário, mesmo que eu disfarce fazendo alguma comemoração, sempre me bate uma baita depressão.

Nem eu mesmo sei porque acontece isso. “Vem de repente um anjo triste perto de mim...”. Sempre que chega a data que marca o meu nascimento, inconscientemente me vem à cabeça uma avaliação de toda a minha vida. E, embora eu seja feliz e satisfeito nos outros 364 dias do ano, nesse dia sempre me vem tudo o que não consegui e o que falta a minha vida.

Penso no que eu sonhava quando jovem, quando tudo parecia ao meu alcance, e hoje não tenho quase nada daquilo que desejava, nem encontro forças para correr atrás delas. Sonhava trabalhar numa coisa que eu gostasse, que sentisse prazer em fazer, que me sentisse útil e eficiente. Mas o que consegui foi um trabalho em uma fábrica, num trabalho monótono e desanimador, onde não passo de um número para eles, não uso todo o potencial que acredito ter, mas que para eles também não faz falta. Um ofício desmotivador, que consome minha energia. Mas, mesmo que controlem o meu tempo e minhas energias, minha mente eles nunca controlarão.

Reflito no que conquistei até hoje materialmente. Quase nada. Uma casinha velha e pequena, nos fundos do terreno da minha mãe, um carro velho e só. Lembro dos amigos que nunca mais vi, por diversos motivos. E não encontro forças para ir atrás deles. Visualizo a frustração deles ao me reencontrar. Pensarão: “Onde está aquele cara alegre, divertido, cheio de vida? Transformou-se num gordo apático, mala e sem graça!” Lembrarão do jovem que sempre os incitava a buscar a vida, a viver intensamente cada dia, a tornar suas vidas únicas e excitantes, a não cair na mesmice, a não ser mais um alienado . Aquele cara hoje tem uma vida apática e monótona. E acabo não os procurando, para que sempre tenham na mente aquele antigo Leandro, mas que ao não ser mais visto, acaba sendo esquecido.

Analiso os meus planos que não deram certo. As viagens que nunca fiz. Os novos amigos que nunca tive. As conquistas que não vieram. Vejo a pessoa que nunca fui, e talvez nunca serei.
O meu aniversário acaba sendo uma auto análise da minha vida. Onde percebo tudo o que tenho pra conquistar e correr atrás. Quando me deprimo gosto de ir até o fundo do poço onde, como uma bola caindo dentro de um abismo, mas que ao chocar-se contra o fundo do mesmo recebe energia suficiente para subir e sair de lá de dentro. Nesta data vou até o fundo do poço, mas saio renovado e revigorado para lutar pelos meus objetivos.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Você é o que ninguém vê

Estava lendo esse lindo texto da Martha Medeiros e resolvi postá-lo no blog. Mais um maravilhoso texto dessa grande escriora, poeta e cronista gaúcha. Delicie-se:

VOCÊ É O QUE NINGUÉM VÊ
...Você é os brinquedos que brincou, é os nervos a flor da pele, os segredos que guardou, você é sua praia preferida, aquele amor atordoado que viveu, a conversa séria que teve um dia com seu pai, você é o que você lembra...
Você é a saudade que sente da sua mãe, o sonho desfeito quase no altar, a infância que você recorda, a dor de não ter dado certo, de não ter falado na hora, você é aquilo que foi amputado no passado, a emoção de um trecho de livro, a cena de rua que lhe arrancou lágrimas, você é o que você chora...
Você é o abraço inesperado, a força dada para o amigo que precisa, você é o pêlo do braço que eriça, a sensibilidade que grita, o carinho que permuta, você é a palavra dita para ajudar, os gritos destrancados da garganta, os pedaços que junta, você é o orgasmo, a gargalhada, o beijo, você é o que você desnuda...

Você é a raiva de não ter alcançado, a impotência de não conseguir mudar, você é o desprezo pelo que os outros mentem, o desapontamento com o governo, o ódio que tudo isso dá, você é aquele que rema, que cansado não desiste, você é a indignação com o lixo jogado do carro, a ardência da revolta, você é o que você queima...

Você é aquilo que reivindica, o que consegue gerar através da sua verdade e da sua luta, você é os direitos que tem, os deveres que se obriga, você é a estrada por onde corre atrás, serpenteia, atalha, busca, você é o que você pleiteia...
Você não é só o que come e o que veste. Você é o que você requer, recruta, rabisca, traga, goza e lê. Você é o que ninguém vê...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A VOLTA DE ROBINHO


Esta semana Robinho confirmou sua volta ao futebol brasileiro! Já foi até apresentado no Santos com todas as honras e pompas de que um grande craque merece. Mas será mesmo que ele ainda é um “grande craque”? Por que será que resolveu voltar ao futebol no país? Responderei com a minha opinião mais tarde, mas antes vamos fazer uma breve retrospectiva sobre a carreira do atleta.


Robinho surgiu jogando um grande futebol pelo Santos. É indubitável sua técnica, sua habilidade, seu futebol que dá gosto de se ver. Chegou à seleção e foi contratado pelo grande Real Madri. Mas aí começou sua decadência...


Acredito que o “craque” deixou a fama subir para a cabeça, fato que acontece com muitos jogadores e pessoas em geral, que surgem como grandes ícones, grandes promessas, mas que não tem maturidade suficiente para manter tais atos. Foi comparado a Pelé, a Garrincha pelos seus dribles, era anunciado como o grande jogador da década. Mas logo após chegar a Espanha seu futebol já não estava tão vistoso assim, mesclava grandes apresentações com atuações medíocres. Mesmo fato que aconteceu na seleção brasileira. Isso o levou a ser reserva na equipe merengue, o que desagradou o “genial” Robinho, que defendeu-se dizendo que o treinador do time não gostava de jogadores brasileiros. Na mesma época o técnico Felipão estava assumindo o Chelsea, e admitiu que gostaria de contar com o jogador em seu elenco. Começaram as negociações, e para forçar sua saída do time espanhol, Robinho foi a imprensa anunciar que estava sendo injustiçado e que queria sair do clube. Mas o negócio não fechou, e com poucas alternativas, optou pelo Manchester City, onde seria a grande, e única, estrela do time. Mas seu futebol continuava decaindo, ao contrário das noticias de suas saídas na noite e suas festas homéricas, que aumentavam cada vez mais.


Ao perceber que sua grande estrela não estava produzindo nada, o City contratou dois bons atacantes no início da temporada 2009/2010 : O argentino Tévez e o togolês Adebayor. São bons jogadores, mas nada de excepcionais. Resultado: Robinho acabou indo novamente para o banco, onde contundiu-se ficando meses sem jogar. Ao voltar da suposta contusão, voltou ao banco de reservas, onde protagonizou uma cena deprimente: Entrou no decorrer do jogo e mesmo assim foi substituído durante a partida. Inconformado de novo, está outra vez forçando sua saída do clube. Tentou inicialmente o Barcelona, onde os jogadores se uniram e disseram que não queriam o “craque” no clube catalão. Então como opção, e provavelmente aconselhado por Ronaldo e Adriano, resolveu voltar ao futebol brasileiro.


Agora analisemos: Este é ano de Copa do Mundo, e todos os grandes jogadores desejam disputar a Copa, pelo romantismo de defender seu país na maior competição de futebol do planeta e, muito mais, para se valorizarem, conseguirem aumentos em seus clubes ou futuras negociações milionárias. E Robinho, claro, está de olho nisso. E onde é mais fácil o (ex ??) craque conseguir voltar a jogar um grande futebol, ou alguma coisa parecida com isso: No disputadíssimo futebol inglês, onde é reserva e enfrentará grandes jogadores do futebol mundial, ou disputando o campeonato Paulista, enfrentando jogadores de clubes como Oeste, Sertãozinho, Barueri ou Mirassol? A resposta me parece óbvia !


Sim, ele vai voltar a jogar um bom futebol, vai dar pedaladas e vai voltar a ser titular da seleção. A mídia e o seu grande e eficiente marketing pessoal se encarregarão dos detalhes. Aqui no Brasil, dentro do pobre e medíocre futebol brasileiro, ele será craque, será artilheiro, será ídolo, um semi deus praticamente. E, como outros “grandes craques” como Ronaldo e Adriano, terá dezenas de regalias dentro dos clubes. Assim como o Adriano, jogará quando quiser, chegará aos treinos a hora que bem entender, e mesmo assim será tratado de maneira diferenciada, ao contrário do futebol europeu, onde é apenas mais um dentro do elenco do clube. E depois da Copa, quem sabe, voltará com toda moral para a Europa. Vai dizer que não é um grande negócio para ele?