
Imagem: O Grito ( Edvard Munch-1893)
Essa semana fiz aniversário. Vinte e (nem tão) poucos anos. Mas ao contrário da maioria dos aniversários das pessoas, não teve festa, nem bolo, nem salgados, nem comemoração nem nada. Na verdade, todos os anos no meu aniversário, mesmo que eu disfarce fazendo alguma comemoração, sempre me bate uma baita depressão.
Nem eu mesmo sei porque acontece isso. “Vem de repente um anjo triste perto de mim...”. Sempre que chega a data que marca o meu nascimento, inconscientemente me vem à cabeça uma avaliação de toda a minha vida. E, embora eu seja feliz e satisfeito nos outros 364 dias do ano, nesse dia sempre me vem tudo o que não consegui e o que falta a minha vida.
Penso no que eu sonhava quando jovem, quando tudo parecia ao meu alcance, e hoje não tenho quase nada daquilo que desejava, nem encontro forças para correr atrás delas. Sonhava trabalhar numa coisa que eu gostasse, que sentisse prazer em fazer, que me sentisse útil e eficiente. Mas o que consegui foi um trabalho em uma fábrica, num trabalho monótono e desanimador, onde não passo de um número para eles, não uso todo o potencial que acredito ter, mas que para eles também não faz falta. Um ofício desmotivador, que consome minha energia. Mas, mesmo que controlem o meu tempo e minhas energias, minha mente eles nunca controlarão.
Reflito no que conquistei até hoje materialmente. Quase nada. Uma casinha velha e pequena, nos fundos do terreno da minha mãe, um carro velho e só. Lembro dos amigos que nunca mais vi, por diversos motivos. E não encontro forças para ir atrás deles. Visualizo a frustração deles ao me reencontrar. Pensarão: “Onde está aquele cara alegre, divertido, cheio de vida? Transformou-se num gordo apático, mala e sem graça!” Lembrarão do jovem que sempre os incitava a buscar a vida, a viver intensamente cada dia, a tornar suas vidas únicas e excitantes, a não cair na mesmice, a não ser mais um alienado . Aquele cara hoje tem uma vida apática e monótona. E acabo não os procurando, para que sempre tenham na mente aquele antigo Leandro, mas que ao não ser mais visto, acaba sendo esquecido.
Analiso os meus planos que não deram certo. As viagens que nunca fiz. Os novos amigos que nunca tive. As conquistas que não vieram. Vejo a pessoa que nunca fui, e talvez nunca serei.
O meu aniversário acaba sendo uma auto análise da minha vida. Onde percebo tudo o que tenho pra conquistar e correr atrás. Quando me deprimo gosto de ir até o fundo do poço onde, como uma bola caindo dentro de um abismo, mas que ao chocar-se contra o fundo do mesmo recebe energia suficiente para subir e sair de lá de dentro. Nesta data vou até o fundo do poço, mas saio renovado e revigorado para lutar pelos meus objetivos.