quarta-feira, 23 de julho de 2014

Vídeos Motivacionais


Sempre tive receio e um certo preconceito sobre vídeos motivacionais. Em regra eles seguem a mesma receita: imagens bonitas (geralmente de paisagens), músicas com belas letras e/ou inspiradoras, um sábio/mestre ou pessoa mais experiente dando lições de vida ou exemplos de sucesso e superação. Não gosto de nada disso.

Entretanto dias desses encontrei esse vídeo. A princípio ele não segue quase nenhum item da receita acima. Pelo contrário, ele é um verdadeiro tapa na cara. Tem imagens escuras, um sujeito gritando com você e dizendo verdades que muitas vezes não queremos saber. “O mundo não é um arco-íris, é um lugar sujo e malvado” e “Ninguém vai te bater tão forte quanto à vida, ela vai te derrubar, te deixar de joelhos”. Ok, nada de tão original, mas num vídeo motivacional, é a primeira vez que vejo.

Uma dessas frases em especial me tocou. Ela diz assim: “A maioria de vocês não querem ter sucesso, só “meio” querem (...) vocês não querem o sucesso mais do que querem dormir”.

Todos que me conhecem ou seguem o blog sabem o quanto amo escrever e a necessidade que sinto nisso. Mas, mesmo assim, esse blog hibernou por 2 anos. Mas como uma pessoa que adora escrever fica dois anos sem fazê-lo? Pois bem, como diz o vídeo, quero mais dormir do que fazer o que gosto.

O dormir é uma metáfora que se encaixa em diversas atividades. O deixar pra depois, descansar primeiro, quando sobrar um tempo eu faço. E nos acostumamos com isso. E assim vamos nos afastando dos nossos amigos, dos exercícios que tínhamos que fazer, das coisas que gostamos, e dos nossos sonhos.

E assim vamos levando a vida, “meio” querendo fazer as coisas, mas sem nos cansarmos. E quando nos damos conta, percebemos quanto tempo já perdemos. Até que alguém, ou algum vídeo desse, venha e nos dê um tapa na cara, nos mostrando a realidade que está a nossa frente e relutamos em ver.

Então, como diz o Gabriel Pensador “Aprenda a viver, descanse quando morrer...”. A vida passa muito rápido, temos tantas coisas grandes para conquistar. Deixe sua acomodação de lado, deixa para descansar somente quando não aguentar mais, e vamos fazer de nossa vida algo espetacular. Eu sei que falar é fácil, mas força de vontade é tudo. Não vamos apenas “meio” aproveitar a vida.

Levante e siga em frente. Você tem o poder.







quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Qual sua perda de maior valor ?



Um interessante ponto de vista frente a destruição completa causada pelo furacão Sandy na semana passada.




O furacão Sandy atingiu os Estados Unidos na semana passada, fato que foi muito divulgado e espetácularizado pela mídia. O fenômeno destruiu milhares de casas e fez centenas de mortos.

Na noite de ontem passou na tevê uma matéria do CQC sobre o fato. O repórter mostrava os estragos do furacão e uma mulher olhava para a sua casa que foi consumida pelo fogo. Ela fugiu antes do ciclone atingir sua casa, mas não conseguiu salvar quase nada.

Vendo a cena, o repórter se aproxima e pergunta: “O que de mais valioso a senhora perdeu?”. Ela olha para os escombros que restaram da sua casa, e pensa um pouco...

Conhecendo um pouco da cultura americano e do seu estilo de vida, sabemos que é a sociedade mais consumista do mundo. Sendo assim, com a pergunta do repórter, logo imaginamos que ela iria se queixar de carros que talvez tenham ficado na casa, eletrodomésticos, eletrônicos... alguma coisa do tipo.

Mas, para surpresa minha, ela responde: “O que de mais valioso eu perdi foi o meu caderno de anotações e recados.” O jornalista se surpreende: “A coisa mais valiosa que a senhora perdeu foi um caderninho de recados?”. Ao que ela complementou: “Sim, foi meu caderninho. Havia dezenas de recados, anotações, fotos. Tinha toda a história de uma vida guardados nele. E isso não há como recuperar”.

Grande e surpreendente resposta. Como já citei, na sociedade mais consumista do mundo, ouvir uma resposta dessa é uma grande raridade. E ela não deixa de ter razão. Seu caderninho deveria ser uma espécie de agenda, onde ela deve ter guardado centenas de anotações, rabiscos e lembranças.

São anos de vida registrados. Momentos de vida felizes e outros tantos tristes. Trata-se de recordações de uma vida. Experiências adquiridas ali guardadas. Anotações de que a vida não passou em vão, de que se tem uma história, momentos para reviver e recordar. Momentos, pessoas que não passaram em vão, que acrescentaram pelo menos uma linha no nosso livro da vida.

E você, como tem guardado suas recordações e experiências de vida? Como tem isso protegido se vier um furacão e bagunçar completamente sua vida? Ou você tem deixado a vida passar em vão, sem escrever uma linha na história de sua vida?

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

ESTEIRA DA VIDA


Dois amigos conversavam exacerbando seus problemas e supervalorizando seus dramas. Foi quando um deles colocou uma metáfora para ilustrar sua aflição. Disse ele: “A vida, muitas vezes, se parece com uma esteira. Corremos, nos esforçamos, mas não chegamos a lugar nenhum”.

A sua analogia faz sentido. Por diversas ocasiões na vida traçamos metas, definimos objetivos, mas por algum motivo não chegamos aonde queríamos. Sonhamos com aquele emprego que sempre quisemos, ou aquele carro, ou ainda uma casa própria, ou mesmo qualquer outra meta. Mas a vida parece ter vontade própria, e por mais que busquemos aquele objetivo, sempre parece ter algo que nos desvia dele. Lutamos, corremos em busca, procuramos nos qualificar, nos preparar o máximo possível para quando o momento certo chegar, e no entanto as coisas não acontecem.

Então bate em nós aquelas dúvidas cruéis: Será que vou vencer? Será que não estou botando dinheiro fora? ? Será que não é perda de tempo investir nisso? Será que aqueles que vão vencer já nasceram pré-determinados, o famoso “virado pra lua”?


Mas, como já dizia o grande William, temos de ter cuidado com nossas dúvidas. “Não passam de traidoras as nossa dúvidas, pois elas nos privam do que seria nosso se não tivéssemos receio de tentar” (William Shakespeare).

E é isso mesmo. Por mais percalços que tenhamos em nossas vidas, por mais distante que nossos objetivos possam estar, não podemos desistir. Ter paciência e fé é essencial. E mesmo que não consigamos vencer, valeu a luta. É melhor perder com a certeza de que fizemos tudo da melhor maneira que poderíamos ter feito, do que desistir de nossos sonhos e viver uma vida frustrada.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

quarta-feira, 7 de março de 2012

Jack Kerouac

Um pensamento de Jack Kerouac, um dos meus escritores preferidos. Vale a pena dar uma lida em alguns de seus livros. Fica a dica.


"Aqui estão os loucos. Os desajustados. Os rebeldes. Os criadores de caso. Os pinos redondos nos buracos quadrados. Aqueles que vêem as coisas de forma diferente. Eles não curtem regras. E não respeitam o status quo. Você pode citá-los, discordar deles, glorificá-los ou caluniá-los. Mas a única coisa que você não pode fazer é ignorá-los. Porque eles mudam as coisas. Empurram a raça humana para a frente. E, enquanto alguns os vêem como loucos, nós os vemos como geniais. Porque as pessoas loucas o bastante para acreditar que podem mudar o mundo, são as que o mudam."







Jack Kerouac


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A VOLTA DE ALAN, O ALIENADO


Alan é um alienado. Não lê, não escreve, não pensa. Não gosta de estudar, nem de ler jornais, só gosta de malhar. Prefere exercitar os bíceps do que o cérebro. Playboy filho de pai rico, acha que a vida é só festa e curtição. Sonha em participar de um Big Brother ou qualquer outro reality show que o torne famoso sem precisar fazer nada de importante.

Este alienado gosta de se espelhar nos “bonitões” do reality show para tentar se sentir uma celebridade, e assim satisfazer seu egocentrismo vaidoso e mesquinho, vazio e supérfluo. E também para pegar mais menininhas, que anota em seu caderninho de conquistas.

Alan está na época do ano que mais gosta, onde só se fala em BBB, futebol e carnaval. Mal sabe ele que é a época de que os políticos mais gostam ele. Alan nem ficou sabendo da volta de Jader Barbalho ao senado, que já faz algum tempinho, pois estava se preparando para o carnaval enquanto discutia as contratações de seu time.

Falando em futebol, Alan também desconhece da misteriosa viagem do presidente da CBF, o senhor Ricardo Teixeira, que em meio a denúncias de corrupção juntou suas malas e se foi aos Estados Unidos, deixando seu cargo vago e sem dizer se vai renunciar ao cargo ou apenas uma licença sem tempo pré-determinado.

Mas a única notícia que Alan que, e precisa saber nesse momento, é quem vai ser a escola de samba campeã e quem vai sair no paredão dessa semana. O resto? Ah, o resto é o resto e ele não tem tempo para se preocupar com isso.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

A ESTREIA E O RETORNO

O dia 10 de Janeiro marca uma estreia e um retorno.  Restauro esse blog que estava parado desde o dia 11 de Outubro. Foram dois meses apenas, mas aconteceram diversas coisas na minha vida, algumas muito boas, outras nem tanto. Mas é da vida, não tem como ser diferente.

Já a estreia é por conta do poeta, jornalista e escritor Fabrício Carpinejar no programa gaúcha Hoje, comandado pelo grande jornalista Antônio Carlos Macedo. O programa é um noticiário matinal, mas que agora terá um toque pessoal, uma visão poética do cotidiano, um olhar mais apurado do comportamento humano.

Para quem não conhece Carpinejar, vale a pena pesquisar um pouco sobre ele, ou que sabe segui-lo no twitter.

Bom, vamos acompanhando com o tempo como vai ser a participação do poeta na rádio, e se esse blog vai voltar as atividades normais. Quem viver, verá.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

15 anos sem Renato Russo


Hoje completa 15 anos que morreu um dos maiores músicos e compositores da música brasileira. No dia 11 de Outubro de 1996 o cantor falecia aos 36 anos em consequência de problemas decorrentes da Aids.

Quando adolescente, fui um grande fã da Legião Urbana. Como sempre gostei muito de ler e escrever, deliciava-me com suas letras, algumas quilométricas, suas referências e metáforas. Procurava decifrar mensagens escondidas atrás das letras, ou imaginar o fato que inspirou Renato a escrever determinados versos.

Renato utilizave-se muito de referências literárias ou filosóficas em suas canções. O próprio nome que o cantor adotou, o Russo, faz referência ao grande filósofo Rousseau. Quem conhece um pouco das letras de Renato e tem uma boa base literária, encontrará referências em diversas músicas. É um interessante jogo cultural.

Lembro-me das dezenas de noites que passava com os amigos a beira de uma fogueira, bebendo um bom vinho e cantando as músicas da Legião. Por causa das músicas serem fáceis de tocar, qualquer um que arranha-se um violão conseguia tocar as músicas da banda. Mas o mais importante nem era a melodia, mas a mensagem que as canções trazem.

Não é a toa que hoje, mesmo 15 anos depois de sua morte, suas letras continuam a serem tão relevantes. Que País é Esse e Música Urbana 2, que fazem uma crítica a política e ao povo brasileiro, respectivamente, parecem que foram escritas ontem. Numa época de sucessos descartáveis, de letras sem conteúdo, as músicas da legião parecem eternas.

Esse ano foi produzido pela Vivo um comercial que conta a história de Eduardo e Mônica. Ficou muito bom, vale a pena conferir:
http://www.youtube.com/watch?v=gJkThB_pxpw&feature=relmfu

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

DE REPENTE 30


E foi assim de repente, não mais que de repente, que ela acordou assustada, vinte minutos antes do despertador tocar. Habitualmente ela sempre relutava em sair da cama, chegava a levantar-se quase uma hora após tocar o relógio, e isso que ultimamente estava dormindo cada vez mais cedo. Talvez o sono lhe servisse de subterfúgio para fugir da realidade, pois enquanto repousava ela dava um tempo dos problemas cotidianos.

Deu um salto da cama e posicionou-se frente ao espelho. Com certo espanto admirou-se, analisou-se. Quem era aquela mulher que o espelho refletia? O que aconteceu com o corpo que outrora tinha? Olhava-se e via um rosto amassado, cansado e com olheiras. Tocou seus seios murchos e caídos, sua barriga com estrias, apesar de não ter filhos. Outrora tinha uma tezsuave e macia, mas hoje sua pele era seca e áspera.

 O que acontecera com aquela mulher cheia de vida, de animação, que estava sempre alegre e bem disposta? Seu corpo já não possuía mais curvas, estava cada vez mais magra. Não que estivesse doente ou coisa parecida, mas nem para comer tinha mais ânimo. Seu cabelo, que um dia foi motivo de orgulho, hoje não passava de um emaranhado de fios opacos e sem vida. Tinha um olhar triste e desanimado, transpassava uma fragilidade e um penar que não refletiam com sua personalidade.

Ainda de frente ao espelho, enxergou deitado na cama o corpo gordo daquele estrupício com quem morava há um ano e meio. Depois de dezenas de experiências desastrosas e mal sucedidas, resolveu unir-se ao primeiro cara que quisesse dividir as despesas com ela. Nunca gostou dele de verdade, mas tampouco foi amada.

Tinha certeza de aquele canalha não lembraria que hoje ela estava completando trinta anos. Nem seus raros e escassos amigos, ou seriam apenas conhecidos? Nem ela sabia mais o que eles eram.

A sua mente vieram todos os seus sonhos que nunca foram realizados. Queria ser arquiteta, mas sequer chegou a faculdade. Aspirava uma casa grande, com jardim, cachorros e filhos correndo pelo gramado, mas tudo o que possuía era um quitinete num prédio cheio de infiltrações, mau cheiroso e com vizinhos suspeitos.

O relógio avisava que estava quase na hora de ir trabalhar. Odiava o seu ofício. Era cobradora de ônibus, sua linha transportava trabalhadores braçais fedorentos e mal educados. Tinha que aguentar as cantadas medíocres e grosseiras daqueles brutamontes.

Mas apesar de tudo não perdia as esperanças de uma vida melhor, sabia que um dia a sorte iria lhe sorrir. Apesar de tudo, nunca deixara de sonhar com um futuro bom. Apesar dos percalços da vida, sempre fora uma mulher batalhadora e honesta, uma verdadeira lutadora, que não se conforma com sua realidade, que caí, mas levanta e segue em frente, pois sabe que a vida tem que ser melhor do que a realidade que ela conhece. Se vai vencer ela não sabe, mas não se permite desistir.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

DESLEIXADOS

Semana passada, no dia do amigo, escrevi sobre amizade, por obviedade. E nesse contexto uma grande amigo, um dos que mais admiro, me escreveu comentando sobre o texto. E num trecho do seu e-mail ele falou sobre como somos desleixados. E ele tem inteiríssima razão.

Acredito que na maioria das vezes nem percebemos o quanto somos desleixados. Por puro descuido, e na grande maioria das vezes nada mais que isso, deixamos para a semana seguinte para visitarmos um amigo que queremos ver, e naquela semana acabamos não podendo ir e adiamos para a seguinte, que bate uma preguiça e deixamos para a próxima ainda, que surge um compromisso e nos impossibilita a visita. E acabamos por deixar o tempo passando, passando, e quando vemos, já faz meses, anos, que não visitamos aquela pessoa querida.

E isso se aplica a quase todos os setores da nossa vida. Sabe aquele e-mail que queremos escrever para alguém, e vamos deixando pra depois? Ou aquele conserto na nossa casa, aquela viagem, a dieta, aquele cursinho que vamos adiando, e as vezes acaba caindo no esquecimento e nunca realizamos? Tudo desleixo.

Existe um texto maravilhoso, que alguns atribuem a Vitor Hugo, e outros a Marina Colasanti, e alguns outros ainda a Clarice Lispector, que por desleixo não pesquisei para descobrir o verdadeiro autor. O texto chama-se “Eu sei, mas não devia”. Ele fala sobre as coisas do cotidiano que acabamos nos acostumando, mas que não deveríamos. Coisas como comer qualquer coisa no café da manhã porque estamos sempre atrasados, a estarmos sempre com pressa, a nos acostumar com as pessoas mal educadas, impacientes e grosseiras.

Assim também é conosco, quando nos acostumamos a não ter tempo pra nada devido a correria de nossas vidas, quando esquecemos de dizer “eu te amo” pela falta de tempo, quando deixamos de abraçar os amigos ou de simplesmente admirar a beleza da vida. Não refletimos sobre a vida, não vemos as cores da natureza, nos acostumamos com políticos corruptos, com as injustiças e com nossa eterna insatisfação.

Eu sou desleixado, e você também é que eu sei. E por conta disso acabamos nos acostumando a deixar de fazer coisas que gostaríamos muito, e por causa disso só as fazemos por obviedade em datas específicas. Mandamos e-mail’s para os amigos porque é o dia do amigo, ligamos para as pessoas porque é seu aniversário, compramos presentes devido ao dia das mães, dos pais, dos namorados. Presenteamos as pessoas que gostamos porque é natal. Acabamos por fazer simplesmente coisas óbvias, por puro desleixo do nosso cotidiano. Assim como aquele texto óbvio que escrevi semana passada.

Acabamos vivendo no automático, sem conhecer profundamente as pessoas, sem aproveitar intensamente os momentos especiais. E a obviedade acaba por tirar toda a beleza da nossa existência. E nos acostumamos a isso, por puro desleixo.