quinta-feira, 1 de maio de 2008

AVISO AOS NAVEGANTES

Aqueles que gostam de ler meu blog, ou mesmo os que o lêem só para eu parar de charopiar com meus e-mail’s devem ter percebido que diminui drasticamente o número de postagens. Pois isso tem um motivo: Infelizmente alguns dias atrás meu pai sofreu um enfarto, e está baixado no hospital. Então ultimamente tenho tido uma nova rotina que é: trabalho-hospital-faculdade-trabalho. Não preciso dizer, já dizendo, que isso tem tomado uma boa parcela do meu tempo. Além disso estamos em épocas de provas, o que é um empecilho a mais.

Acompanhando meu pai, pelo menos sobrou-me um bom tempo para pensar nas coisas da vida. Falar sobre a fragilidade da vida é chover no molhado, mas acompanhando a rotina de um hospital não há como fugir desse pensamento. Nunca freqüentei muito hospitais. Para se ter uma idéia a última vez que fiquei mais de seis horas dentro de um foi há dez anos atrás, acompanhando minha avó. Talvez por isso eu vejo cenas que sabemos que é freqüente nos hospitais brasileiros como se fosse uma coisa inédita. Super lotação e, conseqüentemente, falta de leitos, profissionais mal remunerados, instalações deficientes. Vejo essas cenas e lembro do nosso Excelentíssimo Senhor Presidente da República dizendo: “A saúde pública no Brasil é quase perfeita!”. Peraí, que hospital público ele entrou para falar isso??? Mas esse não é o tema da crônica, vamos esquecer as coisas ruins, como o SUS e o Lula. Quero falar sobre a fragilidade da vida.

No caminho da entrada até o quarto, que demorou uma semana para conseguirmos, pois não havia leitos e meu pai ficava numa maca num dos corredores, vejo algumas cenas conflitantes. Pessoas com doenças gravíssimas lutando desesperadamente pela vida contra pessoas que tentaram suicídio e por algum motivo não conseguiram o que queriam. A felicidade de um pai que pega seu filho nos braços pela primeira vez contra a tristeza de um filho que abraça sua mãe pela última vez.

Vejo aquelas pessoas doentes e sozinhas na hora da visita. Percebo suas tristezas ao se darem conta de que ninguém virá vê-los. E tento imaginar o porque dessa situação: Será que nenhum parente pôde visita-lo? Será que foi uma pessoa tão ruim que afastou todos a sua volta? Será que não tem família?

Uma coisa da qual pude confirmar com toda certeza é de que eu, certamente, não nasci para trabalhar com enfermagem. Admiro muito esses profissionais. Como diz uma amiga minha “Você não pode se envolver com o paciente”. Mas como eu vou fazer isso? Como não vou me envolver com um rostinho triste de uma criança doentinha? Como não vou me envolver com um senhor agonizando em seus últimos dias de vida? Como não vou me horrorizar com uma pessoa que sofreu um terrível acidente? Tudo bem, você pode argumentar dizendo que isso é uma questão de tempo, mas eu tenho minhas dúvidas se me acostumaria com essa realidade.
Ás vezes me pego na petulância de queixar-me de cansaço, de fome, de estar numa cadeira desconfortável. Mas olho aos lados e vejo o quão egoísta estou sendo. Vejo o valor da minha saúde, pois o resto a gente conquista.

Reconheço que este texto ficou um tanto melancólico, sentimentalizado demais. Mas acho que estou sentindo isso nesse momento.

Cada dia naquele hospital é uma batalha para mim. Mas pelo meu pai eu a encaro de frente.

4 comentários:

Anônimo disse...

Oi!
Sinto muito pelo teu pai. Mas isso vai passar e vocês vão viver muitos outros bons momentos juntos. Esta é uma daquelas horas em que paramos para pensar em como temos dado importância para coisas pequenas, esquecendo de viver bons momentos ao lado de nossa família, nossos amigos. Esquecemos também de demonstrar o que sentimos. E sobre nossa qualidade de tempo? Passamos a semana sem olhar para os lados, fazendo as mesmas coisas todos os dias, tornando os dias sempre iguais, pensando somente em como vai ser o final de semana. E quando ele chega, só queremos saber de descansar.
Claro que temos que trabalhar e nos dedicar à nossa profissão. Mas devemos nos permitir dormir mais tarde, apesar de ter que acordar cedo no dia seguinte; sair com os amigos depois do trabalho, mesmo que seja uma terça-feira. Ou seja, fazer com que esta semana faça parte de nossa vida e não seja somente um tempo morto. Os dias passam mais rápido nos tempos de hoje, porque assim desejamos. E o que mais importa não é ter o dia inteiro disponível e acabar não fazendo nada que valha a pena, mas sim, a qualidade inserida em nossos dias, mesmo que o tempo seja curto, mas que estas alegrias sejam diárias.
estou aqui para qualquer coisa que precisares.
t adoro!
BeSoS

Anônimo disse...

Nossa!! lenadro, sinto muito pelo teu pai, mas tudo isso vai passar e para melhor, com certeza!!

Situações como essas nos fazem pensar, ou melhor, ter uma visão diferente sobre a vida.

Sim, os nossos hospitais estão um verdadeiro caos. Não gosto de hospital, pois isso me lembra quando o meu irmão ficou internado durante um mês, por causa da asma, tristes recordações...


Mas, olha, tudo vai melhorar, estarei torcendo por você e seu pai..

beijos!

Verônica Elias Rumorosa disse...

BAH CARA! Sinto aí pelo teu pai!Como diria o honorável presidente "Nunca na história desse país..." e eu completo: a saúde esteve tão "lixenta". Exames marcados para meses após, hospitais nesse estado que tu mesmo descreveu, uma coisa!
Esses momentos, de certa forma nos trazem uma força do nada, ou melhor, da miséria humana! Uma força que achávamos que não estivesse em nós, uma força pura, espiritual, uma cois das nossas entranhas, que nos faz refletir o quanto é bom termos saúde e podermos trabalhar para melhorar nossas mazelas e conquistar nossos desejos!

Abraços! Estamos sempre aí, caso precise!

Anônimo disse...

Oi Leandro, como está o teu pai?
espero que esteja tudo bem.

beijos